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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto e biografia: wikipedia

 

MÁRIO LINHARES

 

 Mário Rômulo Linhares - (Fortaleza, 19 de agosto de 1889 - Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1965),
foi um poeta, crítico literário, genealogista e historiador literário brasileiro.

Era filho de Vicente Alves Linhares e de Maria Amália Vieira Linhares. Iniciou sua vida de escritor em 1906, na revista Fortaleza que fundou com Joaquim Pimenta, Raul Uchoa, Genuíno de Castro e Jaime de Alencar.

Em 1910, mudou-se para Recife, fundando a revista Heliópolis (1910-1915) com Raul Monteiro, Silva Lobato, Costa Rego Júnior e outros. Escreveu nas revistas Jangada (1909-1912) e Terra da Luz. Colaborou com os jornais Diário da Bahia e Jornal de Notícias e na revista Renascença (1918).

Usava vários pseudônimos: Gil Vaz, Max Línder, Gomes Pacheco, Flávio de Lisle, Ivo Neves, Ponciano Ribas, Jacques Amiot, Gervásio Botelho. Usava também pseudônimos femininos: Laura Viterbo, Ivone Pimentel, Dolores Beviláqua, Carmem Floresta.

Foi membro da Academia Carioca de Letras, Academia Cearense de Letras e da Federação das Academias de Letras do Brasil. Foi um dos fundadores e o primeiro presidente do Instituto Cearense de Genealogia. Assumiu a presidência da Academia Cearense de Letras no período de 1955-1956, tendo como patrono Clóvis Beviláqua. 

 

REZENDE, Edgar.  O Brasil que os poetas cantam.  2ª ed. revista e comentada.  Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958.  460 p.  15 x 23 cm. Capa dura.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

A SECA

 

(Paisagem cearense)

 

 

Ceará. Pleno sertão. Agôsto. Um sol de brasa
Queima impiedosamente o ventre da floresta.
O ar, pesado, asfixia. O espaço nem uma asa
De ave corta. Adustão flores e frutos cresta.

 

Fuzila o dia. Em fúria, o vento, dentre a fresta
De abertas rochas, silva. À sede que o abrasa,
O touro escarva o chão e, ao mormaço da sesta,
A dor da planta à dor dos pássaros se casa.

 

Nenhum riacho a colear o amplo seio do bosque.
É ardente o solo, é seco o arbusto, é triste o prado;
E nenhuma hera ao tronco anoso há que se enrosque.

 

Calma. Pela esplanada, apenas, se ouve o pio
Dos anuns e o mugir convulsivo do gado,
Sob a cáustica luz desses dias de estio.

 

("Florões")

 

 

 

 

A JANGADA

 

(Paisagem cearense)

 

 

Mal o clarão da aurora rompe a bruna
E densa escuridão da madrugada,
Aos repuxos das ondas, a jangada,
Serena e afoita, a branca vela enfuna.

 

O dorso encrespe o oceano e o vento zuna,
Segue aos vaivéns da água convulsionada,
E sobe e desce aos ímpetos de cada
Onda e à mercê dos mares se afortuna.

 

Parte e se some... À tarde, é de ver que ela
Volta afrontando a fúria da procela,
Antes que a luz do dia se dissipe.

 

Volta, encurvando a asa da vela; suste-a
A ira do mar — volta ao poder da angústia
Da saudade sem fim do Mucuripe.

 

("Florões")

 

 

 

CANÇÃO DA AUSÊNCIA

 

 

Dentro da minha saudade,
Revejo-te, ó Fortaleza
Qual a mais linda cidade,
Cheia de estranha beleza.

 

O cortejo das jangadas,
Nas belas tardes de estio,
As ondas encapeladas
Afronta do mar bravio.

 

Aquela augusta paisagem

Da ponta do Mucuripe

Vive em mim! Guardo-lhe a imagem!

Não há força que a dissipe...

 

Há muitos anos eu vivo
Distante da minha terra,
Sempre saudoso e cativo
Dos encantos que ela encerra.

 

O mar estruge na praia
Como um leão que eriça a juba...
E vibra a voz da jandaia
Nos leques da carnaúba...

 

Céu sempre azul! Raia o dia
Num deslumbrante arrebol!
Tudo freme de alegria
Sob o ouro fluido do sol!

 

À noite, no firmamento,
O teu luar aparece
Qual visão de encantamento
Nos teus enlevos de prece.

 

Os manes dos teus poetas,
Heróis, mártires e santos
Ressuscitas e interpretas
No lirismo dos teus cantos.

 

Por tôda a pompa suprema
Que tanto enleia e seduz,
É que o berço de Iracema
Se fêz — a Terra da Luz!

 

Tangido pelo destino,
Hoje, vago em terra alheia,
Ai, meus sonhos de menino

— Castelos feitos na areia...

 

No meu anelo mais pulcro,
O que sempre exoro a Deus

— É que tenha o meu sepulcro
Sob o azul daqueles céus!

 

                        ("Poesias")

 

 

 

GUARAMIRANGA

 

(Paisagem cearense)

 

 

Através dos meus tempos de menino,
Guaramiranga, como eu te revejo,
Quando o sol com seu halo matutino
A serra ungia em luminoso beijo.

 

E cuido ouvir o repicar do sino
Da igrejinha de Lourdes, no festejo
Dos seus dias maiores, quando um hino
Vão os fiéis a cantar em seu cortejo.

 

Abrem-se os laranjais pelos caminhos
E, aos gorjeios de amor dos passarinhos,
Paira em tudo um divino encantamento.

 

A saudade revive a adolescência,
A quadra mais feliz desta existência
Como visão fugaz do pensamento.

 

("Poesias")

 

 

 

 

Publicada em dezembro de 2019

 


 

 

 
 
 
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